Análise das demonstrações financeiras
Enraizada na tradição contábil, a análise fundamentalista no Brasil tem como um de seus pontos de partida a análise das demonstrações financeiras das empresas, também conhecida como análise de balanços. As principais demonstrações financeiras são o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Balanço Patrimonial (BP): reflete a posição financeira da empresa em determinado momento, em geral no fim do ano ou de um período prefixado. É formado por ativo (propriedade mensurável monetariamente), passivo (dívidas com terceiros) e patrimônio líquido (PL). O patrimônio líquido evidencia a riqueza da empresa, uma vez que é formado pelo capital investido pelos proprietários, acrescido do lucro retido, isto é, o lucro que não é distribuído pelos acionistas. Assim, a equação simplificada é ATIVO - PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO. E a leitura do balanço é feita da seguinte forma:
Balanço Patrimonial | |
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Ativo Bens (máquinas, terrenos, estoques, dinheiro, ferramentas, veículos, instalações etc.) + direitos (contas a receber, duplicatas a receber, títulos a receber, ações, depósitos em contas bancárias, títulos de crédito etc.).Divide-se em: - Circulante: contas que já são dinheiro (caixa, bancos etc.) + contas que se converterão em dinheiro rapidamente (títulos a receber, estoques etc.). É o ativo mais líquido. - Realizável a Longo Prazo: contas que se transformarão em dinheiro mais lentamente (valores a receber no longo prazo). Menor grau de liquidez. - Permanente: itens que dificilmente se tornarão dinheiro porque normalmente não são vendidos, mas que são usados para as atividades operacionais da empresa (prédios, máquinas etc.). Praticamente nenhuma liquidez. | Passivo Contas a pagar, fornecedores de matéria-prima (a prazo), impostos a pagar, financiamentos, empréstimos etc.Divide-se em: - Circulante: contas pagas mais rapidamente (salários, impostos etc.). - Exigível a Longo Prazo: contas pagas num prazo mais longo (financiamentos etc.). |
Patrimônio Líquido (PL) (capital próprio) Capital (injetado pelos proprietários) + Lucro reinvestido (resultante da atividade da empresa)O PL seria, grosso modo, o equivalente, no lado do passivo, ao “Permanente” no lado do ativo. São as obrigações com os proprietários, que, evidentemente, não são exigíveis. |
Demonstração do Resultado em Exercício (DRE): é o demonstrativo apurado ao final do exercício, em geral de um ano, que mostra se a empresa teve lucro ou prejuízo. Não acumula de um exercício para o outro. A fórmula é simples: receita - despesa = resultado (lucro). Porém, existem vários "tipos" de lucros. Esses valores são obtidos à medida que são subtraídas determinadas espécies de despesas. Deste jeito:
Demonstração do Resultado em Exercício (DRE) | |
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Receita bruta | resultado das vendas ou prestações de serviços incluindo impostos e sem excluir possíveis devoluções ou descontos nos preços das mercadorias e serviços |
(-) Deduções | impostos sobre vendas, devoluções e descontos comerciais |
(=) Receita líquida | receita real da empresa, base de cálculo para o Lucro Bruto |
(-) Custo das vendas | custo da mercadoria ou serviço |
(=) Lucro bruto | |
(-) Despesas Operacionais | necessárias para administrar a empresa, vender os produtos ou prestar os serviços e financiar as operações |
(=) Lucro operacional | resultante apenas da atividade operacional da empresa |
(-) Despesas não operacionais (+) Receitas não operacionais | receitas e despesas resultantes de outras atividades que não a atividade operacional da empresa, como venda de ativos imobilizados, correção monetária etc. |
(=) Lucro antes do imposto de renda (LAIR) | |
(-) Provisão para o Imposto de Renda (IR) | |
(=) Lucro depois do imposto de renda | |
(-) Participações | de debêntures, empregados e administradores, partes beneficiárias, contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados |
(=) Lucro líquido | sobra líquida à disposição dos acionistas |
Os analistas também costumam estudar a Demonstração de Origens e Aplicação dos Recursos (DOAR), a Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados e a Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido. A primeira explica a variação do Capital Circulante Líquido da empresa, isto é, o fluxo de caixa. Esse demonstrativo ajuda o analista a entender como e por que a Posição Financeira mudou de um exercício para outro. O segundo apura o destino do Lucro Líquido, somando-o ao Lucro Acumulado (cujo destino ainda não foi definido) e definindo o saldo efetivamente disponível aos proprietários da empresa. Já o terceiro mostra todo acréscimo e diminuição do PL, assim como a formação de reservas, inclusive aquelas não originadas pelo lucro.
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