sábado, 25 de dezembro de 2010

Análise Fundamentalista 2

Análise das demonstrações financeiras

Enraizada na tradição contábil, a análise fundamentalista no Brasil tem como um de seus pontos de partida a análise das demonstrações financeiras das empresas, também conhecida como análise de balanços. As principais demonstrações financeiras são o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Balanço Patrimonial (BP): reflete a posição financeira da empresa em determinado momento, em geral no fim do ano ou de um período prefixado. É formado por ativo (propriedade mensurável monetariamente), passivo (dívidas com terceiros) e patrimônio líquido (PL). O patrimônio líquido evidencia a riqueza da empresa, uma vez que é formado pelo capital investido pelos proprietários, acrescido do lucro retido, isto é, o lucro que não é distribuído pelos acionistas. Assim, a equação simplificada é ATIVO - PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO. E a leitura do balanço é feita da seguinte forma:


Balanço Patrimonial
Ativo
Bens (máquinas, terrenos, estoques, dinheiro, ferramentas, veículos, instalações etc.) + direitos (contas a receber, duplicatas a receber, títulos a receber, ações, depósitos em contas bancárias, títulos de crédito etc.).
Divide-se em:
- Circulante: contas que já são dinheiro (caixa, bancos etc.) + contas que se converterão em dinheiro rapidamente (títulos a receber, estoques etc.). É o ativo mais líquido.
- Realizável a Longo Prazo: contas que se transformarão em dinheiro mais lentamente (valores a receber no longo prazo). Menor grau de liquidez.
- Permanente: itens que dificilmente se tornarão dinheiro porque normalmente não são vendidos, mas que são usados para as atividades operacionais da empresa (prédios, máquinas etc.). Praticamente nenhuma liquidez.
Passivo
Contas a pagar, fornecedores de matéria-prima (a prazo), impostos a pagar, financiamentos, empréstimos etc.
Divide-se em:
- Circulante: contas pagas mais rapidamente (salários, impostos etc.).
- Exigível a Longo Prazo: contas pagas num prazo mais longo (financiamentos etc.).
Patrimônio Líquido (PL) (capital próprio)
Capital (injetado pelos proprietários) + Lucro reinvestido (resultante da atividade da empresa)
O PL seria, grosso modo, o equivalente, no lado do passivo, ao “Permanente” no lado do ativo. São as obrigações com os proprietários, que, evidentemente, não são exigíveis.


Demonstração do Resultado em Exercício (DRE): é o demonstrativo apurado ao final do exercício, em geral de um ano, que mostra se a empresa teve lucro ou prejuízo. Não acumula de um exercício para o outro. A fórmula é simples: receita - despesa = resultado (lucro). Porém, existem vários "tipos" de lucros. Esses valores são obtidos à medida que são subtraídas determinadas espécies de despesas. Deste jeito:


Demonstração do Resultado em Exercício (DRE)
Receita bruta
resultado das vendas ou prestações de serviços incluindo impostos e sem excluir possíveis devoluções ou descontos nos preços das mercadorias e serviços
(-) Deduções
impostos sobre vendas, devoluções e descontos comerciais
(=) Receita líquida
receita real da empresa, base de cálculo para o Lucro Bruto
(-) Custo das vendas
custo da mercadoria ou serviço
(=) Lucro bruto
 
(-) Despesas Operacionais
necessárias para administrar a empresa, vender os produtos ou prestar os serviços e financiar as operações
(=) Lucro operacional
resultante apenas da atividade operacional da empresa
(-) Despesas não operacionais
(+) Receitas não operacionais
receitas e despesas resultantes de outras atividades que não a atividade operacional da empresa, como venda de ativos imobilizados, correção monetária etc.
(=) Lucro antes do imposto de renda (LAIR)
 
(-) Provisão para o Imposto de Renda (IR)
 
(=) Lucro depois do imposto de renda
 
(-) Participações
de debêntures, empregados e administradores, partes beneficiárias, contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados
(=) Lucro líquido
sobra líquida à disposição dos acionistas


Os analistas também costumam estudar a Demonstração de Origens e Aplicação dos Recursos (DOAR), a Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados e a Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido. A primeira explica a variação do Capital Circulante Líquido da empresa, isto é, o fluxo de caixa. Esse demonstrativo ajuda o analista a entender como e por que a Posição Financeira mudou de um exercício para outro. O segundo apura o destino do Lucro Líquido, somando-o ao Lucro Acumulado (cujo destino ainda não foi definido) e definindo o saldo efetivamente disponível aos proprietários da empresa. Já o terceiro mostra todo acréscimo e diminuição do PL, assim como a formação de reservas, inclusive aquelas não originadas pelo lucro.


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